O Facebook anunciou no dia 8 de julho a remoção de contas ligadas a grandes redes de desinformação em todo mundo . As ações têm relação com o boicote bilionário anunciado por grandes marcas em protesto contra a circulação de notícias falsas e discurso de ódio nas plataformas do grupo.
A movimentação contra redes criminosas se intensificou com a crise causada pela pandemia. Além do Facebook, também o Twitter já havia anunciado medidas restritivas e o Google na semana passada anunciou que vai passar a remunerar grandes jornais para que o conteúdo assinado por jornalistas profissionais e veículos respeitados sejam acessíveis às chamadas “bolhas”.
O debate teve início com o escândalo da Cambridge Analytica nas eleições americanas de 2016 e agora volta a movimentar o noticiário mundial com a remoção de contas ligadas e financiadas por grupos extremistas e gabinetes de governo em países como o Brasil, a Ucrânia e o Equador.
Primeiramente, precisamos afastar do debate qualquer dúvida sobre a proibição dos diferentes tipos de discurso de ódio. Valem as leis brasileiras e de cada país - aqui discurso de ódio é crime e assim deve ser tratado.
Dito isso, existe um debate legítimo quanto à liberdade de opinião e de expressão.
Ao que tudo indica, ninguém (nem mesmo Mark Zuckerberg) deseja que o Facebook ou outras plataformas tenham o poder de decidir o que é certo ou errado, o que pode ser pensado e comunicado.
Na realidade, a insatisfação que levou ao boicote de grandes marcas anunciantes está relacionada com a relutância do Facebook em regular a interação entre seus usuários, já que “conectar o mundo” sempre foi o lema por lá.
Acontece que expressar ideias, opiniões e relatos - por mais polêmicos ou absurdos que sejam - é muito diferente de utilizar contas falsas, ferramentas de automação e financiar campanhas para promover essas ideias.
Calma, você não está na mira da Polícia digital por causa daquele post infeliz no grupo de Whatsapp.
Por uma questão de cidadania, você deve sempre se preocupar com a veracidade do que posta nas redes sociais. Mas é verdade, quase todo mundo já pisou na bola alguma vez.
Já utilizar referências falsas ou descontextualizadas com o claro objetivo de desinformar pode ser apenas um engano? Não quando se utilizam ferramentas profissionais de marketing digital - algumas pouco recomendadas mesmo para as atividades da área.
O financiamento de redes de multiplicação de conteúdo, pagos com recursos públicos destinados a outras funções ou com recursos de origem ilegal ou indeterminada estão entre os principais critérios do Facebook para a remoção de contas.
Ou seja: se desejar, cada usuário pode produzir ou repostar conteúdo sobre a terra plana, o mundial do Palmeiras ou a cloroquina - qualquer que seja a opinião defendida. A liberdade de expressão está garantida!
Mas não pode montar redes de robôs, assinar como jornalista falso, comprar mídia. Na verdade os termos de uso nunca permitiram esse tipo de ação, a diferença é que agora a fiscalização está apertando.
Depende. Avatares e pseudônimos podem ser criados com objetivos legítimos, tanto na literatura, no jornalismo e mesmo no marketing digital. Mas nunca para dar credibilidade a conteúdos apócrifos ou ludibriar quem quer que seja.
Trago um exemplo legítimo: já trabalhei em uma empresa que vendia produtos nos Estados Unidos. Não demorou para percebermos que, ao utilizar avatares com biotipo e sobrenome típicos daquele país, as taxas de abertura de emails e conexões no LinkedIn eram muito melhores do que com os verdadeiros perfis dos brasileiros que faziam parte da equipe.
Claro que, superado o primeiro contato, logo o contato era encaminhado para alguém real. O objetivo ali era superar uma barreira cultural para abrir o contato.
O final da história? Foi bom enquanto durou. Assim que percebeu do que se tratava, o LinkedIn removeu a conta, deixando dezenas de leads sem entender nada e travando uma parte do nosso funil.
Com bilhões de usuários em todo mundo, hoje é impossível para o Facebook controlar as postagens de cada indivíduo. Nem a plataforma tem interesse nisso.
O foco das ações são as redes de desinformação. Conteúdos multiplicados de forma artificial na rede estão sendo (finalmente) mapeados e removidos, juntamente com as contas responsáveis.
Hoje, o Facebook tem cerca de 2,5 bilhões de usuários e estima que 5% desse total sejam contas falsas. Reconhecer estas contas, no entanto, é muito difícil se o comportamento dos “avatares” não for suspeito.
De qualquer forma, a movimentação recente dos grandes portais de conteúdo e redes sociais mostram uma que estas empresas estão trabalhando na mesma direção: assumindo sua responsabilidade e criando mecanismos de evitar a formação das bolhas de desinformação - que provaram agravar a polarização política e favorecer o populismo e o autoritarismo em várias partes do mundo
Facebook está investindo u$100 mi na indústria de notícias, em especial
fact-checkers
Plataformas retiram conteúdos falsos e recomendam conteúdos alternativos
Salas de vídeo para até 50 pessoas
Facebook shops - lojas para negócios locais
Vendas de produtos diretamente via lives